Confederação Brasileira de Golfe

Quando o golfe atrapalha

22 de abril de 2008

Mais uma vez o golfe é ingrediente de um escândalo político. Desta vez, o atingido é o ex-ministro da Defesa japonês Takemasa Moriya. Na segunda-feira dia 21, ele admitiu perante a Justiça de seu país ter aceitado subornos de um fabricante de material militar quando ocupava o cargo. Detalhe: a empresa não lhe pagava apenas em dinheiro, mas também em golfe.

Moriya foi detido em novembro do ano passado acusado de ter recebido cerca de US$ 120 mil de propina da empresa Yamada. Deste montante, US$ 36,3 mil foram usados diretamente para cobrir dispesas do então ministro e de sua mulher com golfe e jantares após as partidas. Os pagamentos aconteciam em troca de favores em contratos envolvendo a Yamada.

O caso de Moriya lembra outro “golfgate” também ocorrido no oriente. Lee Hae-cha, então primeiro-ministro da Coréia do Sul, era um golfista apaixonado. Tão apaixonado que preferia jogar a resolver problemas sérios do país.

“Imediatamente antes de mostrar condolência aos mortos num tiroteio acidental do Exército, Mr. Lee foi criticado por jogar golfe. Quando uma floresta pegou fogo na província de Gangwon, em abril do ano passado, e as regiões do sul sofriam com enchentes em julho, ele também estava jogando golfe. Depois desses incidentes, Mr. Lee prometeu à Assembléia Nacional que ele pararia de fazer isso. Até agora, seu comportamento não mudou nada”, disse o jonral Joong Ang Daily em editorial entitulado “Quando o golfe equivale à arrogância”, publicado logo depois que maquinistas em greve deixaram o país sem trens e metrôs, enquanto Mr. Lee… jogava golfe, claro.

“Ele deveria evitar jogar golfe em dias em que ocorrem emergências nacionais”, pedia o jornal. Entre o golfe ou a nação, Lee agiu como verdadeiro maluco por golfe e, claro, escolheu o golfe. No começo de 2006, sua situação ficou insustentável depois que foi alvo de denúncias conhecidas por Golfgate, uma referência a Watergate, escândalo que derrubou o presidente americano Robert Nixon. Lee foi acusado de ter favorecido um lobista com quem costumava jogar golfe. O primeiro-ministro não teve saída senão a renúncia. Depois de entregar o cargo, pediu desculpas à população e, dizem as más línguas, foi correndo bater umas bolinhas, pois ninguém é de ferro.

O colunista é jornalista há 13 anos e golfista há 7. Edita o www.blogolfe.com.br e dirige a Albatroz Comunicação, agência de notícias e de comunicação especializada em golfe. 

O ponto de vista dos colunistas não expressa necessariamente a opinião da CBG

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