Confederação Brasileira de Golfe

Mil formas de voar

15 de setembro de 2008

A bola de golfe tem nove vôos padrões e uma infinidade de variações, dependendo do nível de habilidade e do estado de espírito do golfista

Os pros e técnicos mais sensíveis às sutilezas da mecânica humana dizem que a maneira como a bola corta o ar tem a ver não só com os aspectos físicos, mas também com o que se passa na mente e no espírito do jogador antes da batida.
Deve ser a mais pura verdade, pois tanto os golfistas de fim de semana quanto os mais sérios (para usar a inteligente e distintiva expressão de propaganda da Titleist) são eloqüentes na hora de descrever o comportamento da bola no ar: “vôo nervoso”, “chocho”, “anêmico”, “bola louca”, “balãozinho”, “vôo suave”, “vôo lindo”, “tiro reto”, “aviãozinho” – e tem aqueles que descrevem as pequenas desgraças ou felicidades das batidas com um toque de poesia: “vôo de pássaro ferido”, “bola que rasga ao meio o fairway”, “vôo sem graça”, “tiro para humilhar o campo”, “vai vazar o green”, “vai colar na bandeira”, “bola perigosa”, “o taco mordeu a bola”, “vôo matador”.

São todos adjetivos e metáforas que apontam para essa compreensão da quantidade de elementos envolvidos no resultado peculiar e único do vôo da bola. Uma pessoa nervosa, preocupada com o que os colegas vão dizer ou pensar de seu desempenho, retesará seus músculos, fará um stance descuidado e um grip mais travado que a garra de uma águia, e o vôo da bola se parecerá com ele: perdido, sem objetivos claros e sem potência. É como se a bola já saísse estressada da cabeça do taco, muitas vezes simulando uma grande potência nas primeiras 50 jardas, para ir perdendo rapidamente a velocidade até se revelar vazia de poder e direção.

Já um jogador mais tranqüilo e menos preocupado com a opinião alheia ou com o lago à sua frente, fará um grip suave, com um bom stance, e baterá na bola com ritmo e elegância, deixando o taco usar de sua força centrífuga e só ganhar velocidade máxima à medida em que se aproximar da bola. De novo, o vôo da bola se parecerá com o jogador: ela cortará o ar com determinação e graça, voando cada vez mais quando deveria – pelo menos aos olhos de quem assiste – já estar descrevendo uma curva descendente.

Todas essas ligações entre corpo e mente na hora da tacada estão maravilhosamente descritas nas obras de estudiosos como Bob Rotella (O Golfe Não É um Jogo para Perfeccionistas, editora Campus) e Joseph Parent (Zen Golf, editora Doubleday) e também em algumas anotações de jogadores de melhor formação geral, a exemplo de Bobby Jones (On Golf, editora Doubleday).

As três trajetórias do taco

No entanto, talvez para efeitos um pouco práticos e realistas, o melhor seja concentrar-se apenas no básico da física e da mecânica para compreender porque a bola faz ou deixa de fazer o que esperamos. Nesse sentido, a primeira coisa a ser entendida são as três trajetórias da cabeça do taco em direção à bola. A primeira trajetória é a de “Dentro para Dentro” (In to In), quando o taco percorre uma trajetória por dentro da linha do alvo e, depois de bater na bola, volta novamente para dentro; “Dentro para Fora” (In to Out), quando o taco percorre por dentro da linha do alvo, acerta a bola e termina indo para fora da linha do alvo; “Fora para Dentro” (Out to In), é quando começa a se aproximar da bola por fora da linha do alvo, batendo na bola e então cruzando a linha para dentro. São esses três caminhos do taco – mais o ângulo da cabeça do taco – que determinam a trajetória da bola.

Os nove vôos da bola

Normalmente, os professores e teóricos das técnicas de golfe (Butch Harmon, Leadbetter, Steve Newell, Perry Andrisen, etc.) costumam descrever nove vôos da bola: straight, slice, push slice, push, push hook, hook, pull hook, pull e pull slice. Essas nove variações são resultados de uma complexa equação onde entram diferentes ângulos de lançamento, influências do vento, altura de vôo com relação ao solo, curvatura da trajetória e velocidade na cabeça do taco na hora do impacto – tudo isso forma a dinâmica do vôo da bola (dinâmica é a parte da mecânica que estuda o comportamento dos corpos em movimento e a ação das forças que produzem ou modificam seus movimentos). Junte-se a isso a qualidade do tempo de swing (ritmo) do jogador, e tem-se a impecabilidade ou os níveis de deficiência dos vôos.

Slice, pull slice e push slice

Desses, os tiros mais comuns e odiados são os famigerados slice, pull slice e push slice, tacadas que arruinam escores e egos nos quatro cantos do mundo. Slice simples é quando a bola sai em linha reta mas depois faz uma acentuada e feia curva para a direita (normalmente a cabeça do taco aponta para a direita numa trajetória de dentro para dentro); push slice é quando a bola já começa a voar para a direita e vai curvando cada mais para a direita (a cabeça do taco chega na bola apontada para a direita, num caminho de dentro para fora); e pull slice é quando o vôo começa à esquerda e vai indo para a direita cada vez mais (a cabeça do taco voltada para a direita numa trajetória de fora para dentro).

Hook, push hook e pull hook

Hook foi o que atormentou grandes jogadores como Ben Hogan durante muito tempo: é aquela tacada que sai em direção ao alvo e depois se curva para a direita. Quando isso acontece, geralmente a cabeça do taco estava virada para a esquerda durante uma trajetória de dentro para dentro. O hook tende a ser um erro de jogadores melhores, uma vez que a trajetória que o taco percorre é a mesma que nas tacadas retas. Já o pull hook vem da cabeça apontada para a esquerda no impacto, numa trajetória de fora para dentro; e um push hook significa que a cabeça também estava apontada para a esquerda, com a diferença que a trajetória do taco foi de dentro para fora.

Straight, o melhor dos tiros

O último dos vôos, e o melhor de todos, é o straight. Nesse caso, a face do taco chegou square na bola e descreveu uma trajetória de dentro para dentro. Ou seja, o taco seguiu a linha perfeita que deve percorrer quando o swing é bem executado, e o resultado é um vôo de bola igualmente perfeito.
Porém, onde estão os famosos fades e draws? Do ponto de vista da trajetória da bola, fade é apenas um outro nome para o pull slice, enquanto que o draw é uma outra forma de nomear o push hook. No entanto, enquanto o push hook e o pull slice surgem do erro, o fade e o draw surgem da intencionalidade. Ou seja, são jogadas ensaiadas com a intenção de causar efeito de curva na trajetória da bola; e são, naturalmente, a marca de jogadores melhores, enquanto que o slice é a marca do golfista de handicap alto.

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