Japeri: antes de tudo, um grande campo
Conhecer o campo de Japeri deveria ser obrigação de todo golfista minimamente preocupado com o desenvolvimento do esporte no país. E eis que no final do mês há uma chance de não só conhecer o projeto e o campo, mas também participar do II Campeonato Aberto de Golfe de Japeri, que acontece no dia 28 de março.
Apesar de atualmente passar por dificuldades financeiras por conta da demora na renovação da inclusão do projeto na Lei de Incentivo ao Esporte, Japeri sobrevive, graças ao auxílio de diversas empresas e empresários.
Engana-se quem pensa que vai encontrar um arremedo de campo. Apesar de curto – as duas voltas representam um par 66 de 4530 jardas –, Japeri é um campo e tanto. E todo golfista sabe que menos distância não significa de forma alguma menos desafios ou maior facilidade. Pelo contrário: em Japeri, a distância menor parece ser mais um desafio, como pude comprovar numa agradável partida que joguei lá em janeiro, na companhia de Tiago Silva, head-pro do campo. Foi um programão e tanto – no grupo de trás, vinham um casal de alemães e um amigo brasileiro.
O primeiro campo de golfe realmente público do país começa animando os golfistas, com um par 5 de 429 jardas com dogleg à direita. O tamanho, é verdade, é de par 4. Mas chegar no green do buraco 1 de Japeri em duas tacadas não é garantia nem de birdie – há quem tenha de suar para sair de lá com um par, após três longos putts. Sem contar que o tiro inicial pode ir parar num riacho ou nas encostas de um morro.
O buraco 2 é um dos mais interessantes do campo. Trata-se de um par 4 curto, de 302 jardas. Os mais corajosos podem arriscar ir direto para o green, ignorando o lago que o cerca. Os mais prudentes devem escolher bater para a direita para depois tentar um approach – o problema é que quanto mais à direita, mais inclinado para a frente é o terreno, e o lago continua entre o golfista e o seu alvo. Enfim, é daqueles buracos que dá vontade de jogar várias vezes. “Geralmente eu arrisco ir para o green, mas é mais prudente bater a primeira bola para a direita”, diz Silva, que recentemente jogou 59, ou – 7.
Por falar em buracos difíceis, há ainda o buraco 6, um par 3 de cerca de 190 jardas, com green não muito generoso e com um córrego bem à direita. Em seguida vem outro par 3, o buraco 7, com água à direita e diante do green – um bonito buraco, sem dúvida, mas nem por isso menos traiçoeiro.
Enfim, jogar em Japeri é mais do que apenas praticar seu esporte predileto. É participar um pouco da história do golfe brasileiro, que no futuro certamente incluirá Japeri entre seus melhores momentos.
* O colunista é jornalista há 13 anos e golfista há 7. Edita o www.blogolfe.com.br e dirige a Albatroz Comunicação, agência de notícias e de comunicação especializada em golfe.
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