Confederação Brasileira de Golfe

Dois campeões

18 de agosto de 2009

* POR HENRIQUE FRUET

Fotos: Zeca Resendes

Tive o grande privilégio de acompanhar nas últimas semanas de perto a performance de dois grandes jogadores de golfe. Ambos são muito jovens ainda: Daniel Stapff tem apenas 18 anos e Felipe Navarro já tem 19.

Durante o 2º Gillette Mach3 Cup – 79º Campeonato Amador de Golfe do Brasil os dois me maravilharam. Durante a disputa da terceira rodada da competição, tive de sair correndo de carrinho no campo atrás de uma equipe de TV que desembestou sozinha Itanhangá adentro. Quando cheguei no green do buraco 1, Navarro estava prestes a bater o segundo tiro. Sua bola havia ficado no lado esquerdo do green. Não precisei esperar o putter: ele embocou um belíssimo eagle de lá mesmo.

Um pouco mais tarde, no mesmo dia, quando eu estava saindo da sala de imprensa e me dirigindo ao green do buraco 9, vi uma bola cair quase que de vôo no buraco. Era a bola de Stapff, que havia feito um eagle de cerca de 170 jardas de distância.

Foi um dia iluminado para ambos. Stapff jogou 64 e Navarro, 66. Jogo de gente grande.

Durante o IV Sul-Americano de Match-Play, disputado no São Fernando Golf Club, vi novamente os dois jovens em ação. Por sorte, pude observar duas jogadas cruciais de ambos. Primeiro foi Stapff, que fez mágica e um lindo birdie para vencer um dos oponentes da fase classificatória. O drive de Stapff havia ido para o lado esquerdo do green, barranco abaixo. Ele fez um belíssimo aproach, deixou a bola a cerca de 5 metros do green e embocou um inacreditável putter para birdie para vencer a partida.

No dia seguinte, foi a vez de Navarro mandar a bola para o mesmo lugar. Com a partida empatada depois de estar perdendo para o número 1 da Argentina, Leandro Marelli, durante boa parte do jogo daquela quarta-de-final, o jogo parecia perdido, ainda mais depois de o argentino colocar o drive no ante-green e Navarro errar a segunda tacada, que continuou morro abaixo. Não é que Navarro deixa o terceiro tiro a cerca de 2 metros do buraco, emboca para par, e o argentino dá três putts e ambos vão para playoff?? A vitória ficou para Navarro, para o delírio da torcida.

No dia seguinte, o show ficou por conta do 2º colocado do ranking argentino, o jovem Tomás Cocha. No sábado pela manhã, ele derrotou Navarro. À tarde, foi o algoz de Stapff. Novamente fui testemunha ocular de grandes jogadas, mas, desta vez, infelizmente elas foram feitas pelo adversário. No buraco 6, um par 3, Stapff acertou o meio do green. Naquele momento, estava perdendo por 2 buracos. Como Cocha mandou a bola para a banca, pareciam favas contadas. Que nada. Stapff errou o birdie. E Cocha embocou da banca!

No buraco seguinte, a primeira bola do brasileiro ficou grudada numa árvore. Com um swing de canhoto com o taco virado, ele mandou para o meio da raia e, com um potente madeira, colocou no gree com o terceiro tiro, mostrando que estava vivíssimo no jogo. Enquanto isso, Cocha deu um belo tiro do meio das árvores, mas acabou penalizado com a bola na água que corta o fairway mais próximo do green. Resultado: Stapff voltou a ficar com apenas 2 buracos de desvantagem. No buraco 11, Cocha embocou um eagle a mais de 100 jardas de distância e praticamente garantiu a vitória, que veio no green do buraco 14.

De volta à sede, pude acompanhar o último buraco de Navarro, que disputada a terceira colocação contra o peruano Patricio Salem. No meio do jogo, o carioca acertou uma raiz de árvore e machucou o pulso. Mesmo assim, não quis desistir. Venceu diante da platéia que gostaria de ter aguardado também uma vitória de Stapff – ironicamente, foi um terceiro lugar mais comemorado do que o segundo lugar do paranaense.

O que ficou desses dias todos vendo essas feras em campo foi a certeza de que o futuro do golfe brasileiro é promissor. Sei que não temos recursos e nem infra-estrutura como os americanos e europeus, mas temos talento e garra.

Isso Stapff e Navarro me provaram não apenas com boas tacadas, mas com pose e concentração de campeões.
 

 * O colunista é jornalista há 14 anos e golfista há 8. Edita o www.blogolfe.com.br e dirige a Albatroz Comunicação, agência de notícias e de comunicação especializada em golfe. 

O ponto de vista dos colunistas não expressa necessariamente a opinião da CBG

 

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