A construção de campos
Por Guillermo Piernes*
O Brasil tem uma oportunidade histórica na construção de campos de golfe, alavanca de projetos imobiliários e hotéis, ao aproveitar a experiência técnica ambiental dos países que saíram na frente.
A VI Jornadas Internacionais de Golfe e Meio Ambiente realizadas dias atrás, em Marbella, Espanha, selaram o pacto que existe apenas um modelo de desenvolvimento para o golfe: o desenvolvimento sustentável. (Mais informação sobre o tema no portal www.golfnegocios.com)
O bom arquiteto de campos de golfe é o que preserva a natureza e aproveita cada nuance do terreno, árvores, água, para criar obstáculos para o jogo ou um cenário paradisíaco, recicla tudo e respeita a biodiversidade. Os campos de golfe são oásis no concreto das metrópoles.
No Brasil temos uns 125 campos de golfe, e 65% deles construídos nos últimos oito anos. A maioria deles já chegou com o conceito da sustentabilidade embutido. Dificilmente um campo de golfe será discutido como inimigo do meio ambiente brasileiro. O que é preciso discutir é o preparo do setor público, encarregado de analisar e aprovação de projetos de golfe que, em alguns casos parece ser o efetivo inimigo do ambiente.
Os burocratas freqüentemente pecam de total desconhecimento de projetos de golfe ou de falta de comprometimento efetivo com o ambiente. A aplicação da lei por agentes despreparados é a legalização da injustiça, a condena ao atraso.
Um dos tantos projetos afetados pelo despreparo – e estamos afastando qualquer outro fator – é a construção dos últimos seis buracos de um antigo e belo campo do interior paulista, num condomínio residencial. O processo já colecionou absurdos que dariam matéria prima a um livro kafkiano contemporâneo.
Por exemplo, é vetada uma pequena pinguela de madeira sobre um córrego numa área de preservação para a passagem dos jogadores entre dois dos buracos. Legalmente o córrego pode ser destruído para construção de uma estrada, oleoduto ou gasoduto, explica o burocrata. O córrego pode ser poluído ou aterrado de surgir uma favela, como acontece em muitos locais, porem esse não é área do burocrata. Pinguela sobre o córrego não! Interfere o burocrata.
Enquanto escrevia sobre as luzes e sombras no mundo do golfe, um programa do Departamento de Esportes da Universidade Anhembi Morumbi convidou este escritor e palestrante para conversar com alunos sobre o esporte e a sua relação com a vida empresarial no Centro Paulista de Golfe. Aceitei imediatamente. Jovens preparados sim poderão construir pinguelas para um futuro melhor.
*Guillermo Piernes é consultor, palestrante e escritor. Colaborador das revistas Golf Digest e Elite Magazine. www.golfempresas.com.br
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