Confederação Brasileira de Golfe

Um Aberto cheio de história

13 de novembro de 2008

por Henrique Fruet

O HSBC Premier Open 2008, que vai ser disputado no Damha Golf Club de 26 a 29 de novembro, será a 56ª edição do torneio de golfe de maior prestígio do País. Não dá para falar da história do golfe brasileiro sem lembrar dos campeões e jogadas que transformaram o Aberto de Golfe do Brasil num dos principais torneios do continente.

O evento é realizado desde 1945, quando a primeira edição ocorreu no Gávea Golf & Country Club, no Rio de Janeiro. O campeão foi o argentino Martin Pose, que levou um cheque de CR$ 20 mil como prêmio. O vice-campeão foi o seu conterrâneo Roberto de Vicenzo, um dos principais jogadores sul-americanos de todos os tempos. O brasileiro melhor colocado foi o ainda amador Mário Gonzalez, que terminou na quarta colocação.

No ano seguinte, no São Paulo Golf Club, na capital paulista, Gonzalez, um dos maiores golfistas brasileiros de todos os tempos, venceu o Aberto do Brasil pela primeira vez. Marcou 270 tacadas, ou 14 abaixo do par, com cinco tacadas de vantagem em relação ao vice-campeão, que foi De Vicenzo. Quem levou o cheque de CR$ 40 mil, porém, foi o argentino, já que Mário Gonzalez ainda era amador e, portanto, não podia receber prêmios em dinheiro. Esse gaúcho de Santana do Livramento não deixou espaço para mais ninguém e levou os títulos das quatro edições seguintes, disputadas em 1948, 1949, 1950 e 1951. No total, Gonzalez venceu o torneio em 8 ocasiões (1946, 48, 49, 50, 51, 53, 55, 69) e foi vice-campeão outras três vezes. É o jogador que ganhou o título mais vezes na história do torneio.

Em 1952, quando o Aberto do Brasil foi disputado no São Paulo Golf Club, a vitória ficou para um dos maiores golfistas de todos os tempos, o americano Sam Snead (foto abaixo). Na primeira volta, Snead marcou 71 tacadas. Na rodada seguinte, bateu o recorde do campo, com um ótimo 64. Na terceira rodada, a surpresa: ele bateu o próprio recorde, com 63 tacadas, numa volta história. Para se ter uma idéia, durante três buracos consecutivos Snead não usou o putter – fez um eagle no buraco 10, um birdie de fora do green no 11 e um novo birdie no buraco 12, novamente de fora do green. Na quarta e última rodada, Snead só precisou jogar um conservador 69 para levar o título. A segunda colocação ficou para o brasileiro Ricardo Rossi.

Melhor do que a performance de Sam Snead no Aberto do Brasil de 1952 só mesmo a do sul-africano Gary Player 22 anos mais tarde, no 29º Aberto do Brasil, disputado no Gávea. Dois anos antes, Player já havia conquistado o título do torneio no mesmo campo. Mas essa nova vitória teve um gostinho para lá de especial. Ele terminou a segunda volta com impressionantes 59 tacadas, ou 10 abaixo do par, um recorde mundial na época. Vale a pena conferir o relato do feito, registrado na Revista do Gavea Golf & Country Club e reproduzido no livro do clube:

Depois de terminar seu jogo no primeiro dia, Player foi treinar, assistido por Jaime Gonzalez, e comentou com este que o campo do Gavea era vulnerável a uma volta, e que não achava impossível alguém completar 18 buracos em 59 tacadas, mas em 72 buracos é um campo bem difícil, pois são vários os buracos traiçoeiros. E, mostrando na prática que sua teoria estava certa, Player conseguiu a mais baixa volta obtida num Campeonato Aberto: 59 tacadas!

Não que ele tenha acertado todas as suas tacadas. Pelo contrário, errou várias delas, fazendo inclusive um bogey no segundo buraco. Mas seu poder de recuperação era tal que, mesmo caindo atrás de árvores ou dentro de bancas, ele conseguiu birdies.

No total Player obteve um eagle, nove birdies, sete pares e um bogey. Sua tacada mais importante foi no buraco 16. Depois de errar a tacada do tee, quando utilizou um ferro 1, baixo com hook, colocando a bola na banca que fica à esquerda do green, Player ficou a cerca de 15 metros da bandeira. “Quando entrei na banca, pensei comigo mesmo que meu 59 estava fora de cogitação praticamente, pois precisava de dois birdies e um par nos três últimos buracos e parecia que no máximo conseguiria um par no 16, ficando então com a obrigação de fazer birdies nos dois buracos finais.

Player foi até o buraco, examinou cuidadosamente o green, entrou na banca, chamou seu caddie que estava a seu lado e disse “vá, por favor, até o buraco e segure a bandeira”. Player executou a tacada. A bola saiu perfeita, alta e na direção correta. Bateu a uns dois metros do buraco. O caddie tirou a bandeira. A bola deu o primeiro quique e o segundo já bateu contra a borda do buraco, pulando então para o alto e entrando definitivamente. (…)

"Dei um driver absolutamente perfeito no último buraco. A segunda foi também excelente e o putt, perfeito. Quando vi que a bola entrara, não me contive. Era a realização de um sonho de vinte anos", disse Player.

Histórias memoráveis não faltam na trajetória do Aberto do Brasil – há, por exemplo, a vitória de Priscillo Diniz em 1975, quando venceu o americano Lanny Wadkins no playoff de três buracos quando ainda era amador, entre muitas outras histórias saborosas.

Jogadores memoráveis também já disputaram o torneio, como Nick Faldo, Arnold Palmer, Ricardo Rossi, Jaime Gonzalez, Peter Alliss, Dave Thomas e Raymond Floyd, entre muitos outros. Como se vê, trata-se de um torneio que é pura tradição e que continua a escrever com muito sucesso a história do golfe brasileiro. Apareça no Damha Golf Club para torcer por seu profissional predileto e faça também parte dessa história.

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