Swing emagrece
HENRIQUE FRUET *
Um dos meus maiores prazeres é conseguir arrastar a um campo de golfe alguém que não considera nosso hobby um esporte. É tiro e queda: poucos resistem a andar mais de 9 buracos. Quem completa os 18 buracos geralmente me liga alguns dias depois reclamando de dores nas pernas e dizendo que sim, golfe é um belo de um esporte.
A novidade é que não é apenas a caminhada que transforma o golfe num belo de um exercício. O médico americano Neil Wolkdoff, diretor do Rose Center for Health and Sports Center in Denver, descobriu isso num estudo recente, em que mediu quantas calorias são gastas durante uma partida.
O especialista em medicina esportiva usou no estudo oito voluntários de 26 a 61 anos, com handicaps entre 2 e 17. Eles disputaram diversas partidas de nove buracos num mesmo campo, o Inverness Golf Club, em Denver, no Colorado.
O resultado: quando carregaram seus próprios tacos, os cobaias gastaram em média 721 calorias, contra um gasto de 718 calorias quando usaram um push cart (aqueles carrinhos de mão). Quando andaram num golf cart elétrico, gastaram 411 calorias. Com isso, o estudo concluiu que o movimento do swing, apesar de durar poucos segundos, ajuda sim na queima de energia. Wolkodoff fez a seguinte conta: quem andou percorreu 2,5 milhas, contra 0,5 de quem usou o golf cart. Como o aumento de 500% na distância resultou num aumento de apenas 75% no gasto calórico, o cientista acredita que boa parte do exercício que o golfe proporciona está no balançar dos tacos.
Uma advertência: pense duas vezes antes de abandonar a academia e decidir apenas jogar golfe e bater bolas. Mesmo que um jogador gaste mais de 2,8 mil calorias jogando 36 buracos por semana (a pé), o exercício não é suficiente para aumentar a capacidade aeróbica. Por outro lado, o aumento da capacidade aeróbica pode auxiliar e muito no golfe, já que jogadores mais bem preparados fisicamente sentem muito menos a fadiga de seus músculos e consequentemente erram menos tacadas.
Eis um resumo dos pontos mais interessantes do estudo de Wolkdoff:
* Não há praticamente diferença entre calorias queimadas ao carregar os próprios tacos (721) e ao puxar um carrinho (718). Usar um caddie queima 613 calorias, contra 411 ao andar num golf cart
* As cobaias do estudo jogaram melhor ao puxar um carrinho (escore médio de 40 tacadas para 9 buracos) ou ao jogar com um caddie (42) do que quando andaram de golf cart (43). “Caminhar dá ao jogador bastante tempo para pensar na jogada e relaxar. Num golf cart, você tem que tomar decisões muito rápidas”, disse o cientista.
* A pior opção para o jogo foi carregar os próprios tacos, o que levou a um escore médio de 45. “Algumas pessoas dizem que jogam melhor quando carregam a própria bolsa, mas o estudo diz que esse pensamento pode estar errado”, diz Wolkdoff, que atribuiu ao estresse de colocar e tirar do ombro a bolsa umas 50 vezes por partida de 9 buracos o aumento no escore.
* Quanto melhor a condição física de um jogador, melhor sua performance. O estudo notou que os jogadores tiveram uma performance pior nos buracos em que estavam cansados. Isso se deve ao aumento dos níveis de ácido lático, que diminui a coordenação motora fina.
Confesso: a parte que mais gostei foi a que fala que o swing também queima calorias. Isso significa que há pelo menos algo de bom naquelas partidas em que passamos das 110 tacadas e zigue-zagueamos o campo atrás de bolinhas errantes…
* O colunista é jornalista há 13 anos e golfista há 7. Edita o www.blogolfe.com.br e dirige a Albatroz Comunicação, agência de notícias e de comunicação especializada em golfe.
O ponto de vista dos colunistas não expressa necessariamente a opinião da CBG