Confederação Brasileira de Golfe

Sabedoria feminina

23 de abril de 2009

POR MARCO FRENETTE*

“Golfe tem a ver com diversão, amizade, torneios, comunidade; e também tem a ver com ficar horas ao ar livre, tomando sol e apreciando a natureza. Porém, muitos encaram esse jogo como se fosse uma cruzada. Para quem é assim, a angústia é grande, mas os momentos sublimes também são mais intensos. Já outros não desejam mais do que caminhar tranquilamente, sentindo seus pés afundarem na grama e tendo ao lado uma companhia agradável. Para estes, uma boa tacada não é algo que mereça grande comemoração, enquanto uma má tacada também não merece grandes preocupações. Afinal, é apenas golfe.”

Esse é o tom geral do livro Ultimate Guide to Golf for Woman, da golfista Cindy Reid, que é também instrutora, vencedora da Solheim Cup 2000 e comentarista frequente da Golf Channel. Ela não se cansa de lembrar aquilo que o golfista tende a esquecer sempre que entra em campo: “Todos sabem que golfe não é fácil, mas não é preciso transformá-lo num sofrimento”. Cindy escreveu um guia para ajudar o golfista a ter muito mais prazer e menos sofrimento ao praticar um dos jogos mais brilhantes já inventados.

Porém, o que faz um guia de golfe ser especificamente para a mulher, uma vez que as técnicas e os objetivos do jogo são os mesmos? Bem, o primeiro ponto óbvio é que qualquer livro escrito por uma mulher tem mais chances de atingir a compreensão feminina. De fato, a linguagem adotada por Cindy é mais suave, desenvolta e sem uma certa dureza, digamos, existencial, que permeia o texto masculino. Desse modo, Cindy fala agradavelmente sobre elegância, beleza das roupas, espírito esportivo e convivência. Ela não incentiva a potência, mas a técnica e a sensibilidade como forma de ter um jogo competitivo, embora lá estejam os exercícios musculares. Cindy passa toda sua experiência como jogadora profissional por meio de uma literatura que envolve suas convicções pessoais, as quais são ilustradas por histórias vividas ao lado de grande jogadores.

Como todo bom livro de golfe, os conselhos de Cindy seguem a estrada da sensatez e não as escarpas do heroísmo: “Busque sempre as jogadas mais simples e eficientes em vez das mais espetaculares e arriscadas”. Seu exemplo preferido é o do flop shot, aquela tacada ao mesmo tempo potente e suave, em que a bola descreve uma curva bem acentuada e cai morrendo no green. “O flop shot só deve ser tentado como último recurso, na maioria das situações, você pode fazer a bola pingar e rolar rumo a bandeira com tiros mais baixos e seguros. Quanto mais a bola sobe nessas jogadas, maior o risco do tiro ficar muito curto ou muito longo”, explica Cindy.

Uma das dificuldades de ensinar é encontrar a melhor maneira de transmitir os conhecimentos. Noutras palavras, saber não é sinônimo de capacidade de ensinar. Nesse livro, a autora divide em quatro tipos básicos os alunos que chegam até ela. O primeiro é o aluno visual, cuja capacidade maior de aprendizagem reside na observação dos movimentos, na sua grande capacidade de processar e aplicar informações visuais. O segundo é aquele que vai muito pela sensação. Ele aprende sentindo como seu corpo reage aos movimentos feitos. O terceiro tipo é o técnico, que é só capaz de aprender e sentir-se confiante sabendo os motivos e dominando o quebra-cabeças de movimentos que formam o swing de golfe. Por fim, há aquele que aprende predominantemente por meio de informações verbais. Ele tem facilidade com a linguagem e transforma facilmente essas informações em movimentos equivalentes ao explicado. “O sucesso de uma aula de golfe tem a ver com a compreensão desses tipos básicos, e com a capacidade do professor de saber qual é a hora certa para usar este ou aquele método pedagógico que mais tenha chance de funcionar”, explica Cindy.

Esse livro também não traz regras muito rígidas, uma vez que o golfe deve ser um dos jogos que mais precisam levar em conta as particularidades dos indivíduos. Um exemplo é seu conselho sobre a escolha das varas: “Nem toda mulher precisa de varas de grafite e também nem toda mulher deve jogar com varas regulares. Tudo depende de sua força física, habilidade de jogo e velocidade de swing. Experimente, analise, peça orientação e então jogue com a vara mais adequada para você, mesmo que isso fuja do lugar-comum”. Por dar conselhos assim e entender seus alunos, Cindy Reid é colocada entre os melhores instrutores americanos. Bem, pelo menos é essa a opinião de Vijay Singh, que já trabalhou com ela; e de Jim Flick, seu famoso colega de profissão.

Para saber mais

Ultimate Guide to Golf for Woman, por Cindy Reid com Steve Eubanks (Atria Books, Nova York). Disponível na proshop São Bento Golfe: www.saobentogolfe.com.br Tel.: 11 3086 3117

* Marco Frenette é escritor, golfista e editor da Golf Life e da revista eletrônica GolfEtc (www.golfetc.com.br)

O ponto de vista dos colunistas não expressa necessariamente a opinião da CBG.

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