Guillermo Piernes – Turismo de golfe na mira
Os U$ 30,5 bilhões movimentados anualmente pelo turismo de golfe no mundo conseguiram que o Brasil, a Argentina e Cuba ficassem em sintonia de esforços para atrair os abastados viajantes com tacos.
O Bureau Brasileiro de Turismo de Golfe da Confederação Brasileira de Golfe apresentou publicamente esta semana o Plano Estratégico para 2008, que visa promover os campos de golfe brasileiros com ações em mais de 10 países, por um convenio que recebe recursos da Embratur.
Álvaro Almeida, presidente da CBG, e Albert Gauss, coordenador geral do Bureau apresentaram o plano. Na coletiva de imprensa também participaram José Luiz Viana da Cunha, diretor de Turismo de Lazer e Incentivos de Embratur e Peter Walton, presidente da International Association of Golf Tour Operators (IAGTO), entidade que estima em mais de U$ 2.5 bilhões os recursos movimentados mensalmente pelo turismo mundial de golfe.
Em 2007, a IAGTO concedeu a Argentina o premio como o Melhor País Destino de Golfe da América Latina e o Caribe. As campanhas publicitárias, o sucesso dos profissionais argentinos em grandes torneios internacionais e os preços competitivos elevaram o interesse mundial pelos mais de 200 campos do vizinho país, onde cresceu em 18% o numero de jogadores nos últimos dois anos.
Susan Marples, da Secretaria de Turismo da Argentina, informou que o turista de golfe atraído pelos diferentes cenários naturais gasta “até quatro vezes mais que um turista regular”.
Há muito tempo que Cuba faz mira nos turistas de golfe. O próprio Fidel sentou as bases do desenvolvimento do turismo de golfe bem antes de passar o bastão de comando para o seu irmão Raul. Em 2003, o próprio Fidel Castro anunciou a construção de campos de golfe em Playa Esmeralda e dois campos em Pesquero.
Fidel utilizou o golfe para reforçar os ingressos do turismo desde meados da década dos noventa e também mostrar que não existiam preconceitos para todo tipo de turistas.
O Ministro do Turismo de Cuba, Manuel Marrero, anunciou recentemente a construção de dez campos de golfe, para atrair mais turistas de renda elevada, dando continuidade à consolidada política de turismo de alta renda.
Inicialmente a utilização do golfe por parte do governo revolucionário cubano foi de caráter político. Após a crise com Estados Unidos pelos mísseis soviéticos, em 1962, Fidel Castro e o Che Guevara disputaram uma breve partida de golfe com fins exclusivos de propaganda, registrada em muitas fotografias oficiais.
A verdade histórica é que Fidel nunca foi jogador de golfe. Che Guevara praticou golfe na sua adolescência em Rosário, sua cidade natal na Argentina. Che Guevara nunca foi caddie. Também não houve a prisão de fotógrafos por registrar a partida de golfe entre os líderes revolucionários como relatam divulgadores do folclore político cubano.
Em Cuba tramitam hoje uns 15 projetos de resorts e condomínios com campos de golfe, com investimentos europeus e canadenses. Mais informações sobre empreendimentos com golfe no site www.golfenegocios.com.br É um processo comparável ao que vive o litoral da Bahia, onde operam atualmente quatro resorts com campos de golfe, além de outros resorts e condomínios com golfe em fase de projeto final.
A diferença é que em Cuba é proibido entregar título de propriedade a estrangeiros. Porem na ilha existe jogo de cintura para lidar com a rigidez legal revolucionaria. Os estrangeiros interessados nos condomínios com golfe poderão assinar contratos de aluguel. A vigência dos contratos de aluguel será de 75 anos.
O colunista é consultor, palestrante e escritor. Colunista da Gazeta Mercantil e da revista Golf Digest. Autor de Liderança e Golfe.