Golfe com o Iron Maiden
Já joguei golfe com banqueiros, empresários, jornalistas, médicos, advogados, políticos, psicólogos, dentistas e por aí vai. Nunca imaginei que um dia jogaria com um metaleiro – muito menos um dos metaleiros mais conhecidos do mundo. Pois foi exatamente isso que aconteceu na última terça-feira, quando fui a campo no Paradise Golf & Lake Resort com Nicko McBrain, baterista do Iron Maiden.
No domingo, o cara tinha tocado para mais de 60 mil pessoas em São Paulo. Na terça, resolveu relaxar e praticar o esporte que joga há 20 anos. Como a produção da banda acabou chegando até mim para conseguir um campo para Nicko e dois outros caras de seu staff jogarem – Jeff, um segurança cujo braço tatuado é maior do que minha perna, e Dave, um boa-praça responsável pelos vídeos que passam no telão do palco ao longo do show – me convidei para jogar junto. E lá fui eu, o cara menos metaleiro que eu conheço, ao lado do ídolo de milhões de cabeludos do mundo todo.
Para minha surpresa, na van que nos levou até lá não havia ninguém comendo morcegos vivos – estavam saboreando balas sabor tutti-frutti. Aparentemente não havia ninguém renovando pactos com o diabo – queriam mesmo era chegar logo no campo.
Jogamos apenas 15 buracos pois a van tinha de estar na Base Aérea de São Paulo, no Aeroporto de Cumbica, ao meio-dia. Nicko fez alguns pares e um birdie e saiu feliz da vida do campo – um pouco triste de não terminar o jogo, é verdade, mas certamente bem mais feliz de que quando o encontrei na porta do hotel às 6h da matina.
O jogo com McBrain e seus companheiros só me fez admirar mais o golfe. Já havia ouvido o papo de que o nosso esporte predileto nivela as pessoas quando estão no campo e sempre concordei com isso. Mas essa afirmação nunca foi tão verdadeira para mim. Quando ia imaginar que o baterista do Iron Maiden, banda que já vendeu mais de 100 milhões de discos, um dia iria rastelar a banca para mim ou me ajudar a procurar uma bola no meio do rough? Ou que iria escutar atentamente uma explicação minha sobre o melhor ponto para mirar seu tiro num par 5?
Só me lembrei novamente que estava diante de um astro mundial na van a caminho do aeroporto, quando pedi para ele assinar o meu cartão de escore e acabei ganhando um autógrafo que ocupou metade do cartão – força do hábito por parte dele, vai ver.
Deixei Nicko, Jeff e Dave na porta do Ed Force One (o Boeing 757 da banda, todo pintado e pilotado pelo vocalista Bruce Dickson). Nos despedimos com abraço, elogios mútuos aos swings e jogos curtos e promessas de jogos futuros.
Quando cheguei em casa, a primeira coisa que fiz foi procurar um CD antigo e ouvir Number of The Beast nas alturas para tentar processar um pouco daquela que foi uma das manhãs mais surreais que tive no golfe desde que comecei a jogar.
* O colunista é jornalista há 13 anos e golfista há 7. Edita o www.blogolfe.com.br e dirige a Albatroz Comunicação, agência de notícias e de comunicação especializada em golfe.
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