Confederação Brasileira de Golfe

Cabrera e os deuses do golfe

13 de abril de 2009

HENRIQUE FRUET*

Quem fez como eu e grudou na frente da televisão em pleno domingo de Páscoa sabe que esteve diante de uma transmissão histórica. A final do Masters de 2009 foi um daqueles jogos que servem para mostrar aos críticos de golfe que nosso esporte predileto esbanja emoção.

Primeiro acompanhamos o maravilhoso duelo entre Tiger Woods e Phil Michelson, respectivamente número 1 e 2 do mundo. Phil maravilhou os fãs de golfe ao jogar – 6 na primeira volta e encostar nos líderes. Tiger também não fez feio e virou a primeira metade do jogo com – 3, com direito a eagle no buraco 8.

O double bogey de ferro 9 de Phil no buraco 12, um par 3, e o erro no putt para eagle no buraco 15, além da tacada de Tiger bem no meio de uma árvore no buraco e seus dois bogeys consecutivos nos dois buracos finais, tiraram as chances dos dois melhores jogadores do mundo disputarem mais um paletó verde.

Esses erros nos mostraram também que os deuses do golfe também pregam peças em alguns de seus enviados à Terra. Quantos de nós, golfistas de handicap de dois dígitos, não pensamos: “puxa, essa até eu embocava!!”, quando Phil errou a tacada para eagle?

Bem, falar é fácil. Eu ficaria contente em apenas conseguir me sustentar sobre minhas próprias pernas ao me aproximar da bola…

Terminado o duelo entre os dois titãs do golfe, achei que assistiria a uma vitória fácil e monótona de Kenny Perry. Que nada. Parecia que eu estava diante de outra transmissão completamente diferente: de repente, lá estava eu torcendo para Angel Cabrera, que conseguiu ir ao play off e derrotar Perry e Chad Campbell, tornando-se o primeiro sul-americano a vencer o Masters.

A tacada decisiva para Cabrera seguir na disputa até o segundo buraco do playoff foi seu segundo tiro no buraco 18. Sua bola havia ficado bem atrás de uma árvore. Cabrera deu a tacada e a bola voltou à raia, provavelmente após bater em outra árvore. Com um terceiro tiro primoroso, Cabrera deixou a bola próxima do buraco e garantiu o par, seguindo na disputa apenas com Perry, já que Campbell havia se complicado ao errar o par e saíra da disputa.

Acho que nunca vou esquecer a imagem da bola de Cabrera atrás da árvore no primeiro buraco do play off e a cara do jogador argentino, ao ver que seus adversários estavam beeeeeem melhor posicionados. Essa cena, somada à imagem de Cabrera vestindo o paletó verde minutos depois, é prova incontestável da existência dos deuses do golfe e um indício de que eles têm uma simpatia por nossos hermanos.

* O colunista é jornalista há 13 anos e golfista há 7. Edita o www.blogolfe.com.br e dirige a Albatroz Comunicação, agência de notícias e de comunicação especializada em golfe. 

O ponto de vista dos colunistas não expressa necessariamente a opinião da CBG

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