Sucesso total
O 1º Curso de Árbitros de Golfe do Royal & Ancient Golf Club of St. Andrews, que terminou neste domingo no Hotel Transamérica, em São Paulo, foi um marco no golfe brasileiro. Pela primeira vez, esse curso foi ministrado fora da Escócia. Até então, o Brasil só havia recebido seminários de regras. Desta vez, o foco foi formar novos árbitros.
Os participantes que acertarem mais de 60% das questões do difícil exame prestado no sábado se tornarão árbitros credenciados pelo R&A, a principal entidade do golfe mundial, ao lado da United States Golf Association (USGA, que rege o golfe nos EUA e no México), para atuar em torneios nacionais. Quem conseguir passar a marca de 80% de acerto estará automaticamente credenciado para arbitrar em torneios internacionais.
O R&A enviou para o Brasil um time de altíssimo nível para ministrar o curso – sem nenhum exagero, estiveram no país algumas das maiores autoridades em regras de golfe do mundo. Alan Holmes, por exemplo, é o presidente do Comitê de Regras do R&A, órgão responsável pelas mudanças nas regras do golfe. Executivo aposentado e hoje voluntário do R&A, ele já atuou em diversas etapas do European Tour e em sete British Opens. Este ano, chegará perto de completar o que podemos chamar de Grand Slam da arbitragem de golfe, já que será árbitro no British Open, no US Open e no Masters de Augusta.
“Ficamos muito felizes com a performance e o interesse dos brasileiros. As instalações do Hotel Transamérica foram perfeitas para a realização do curso, já que o campo era muito próximo da sala onde aconteceram as aultas teóricas”, disse Holmes. “A CBG e o Banco Alfa estão de parabéns pela organização do evento”, completou. Além de Holmes, completaram o time de mestres Grant Moir, diretor-adjunto do Comitê de Regras do R&A, J.R. Jones, membro do comitê, e a assistente Shona McRae.
A abertura do evento, ocorrida na sexta-feira dia 15, foi feita pelo presidente da Confederação Brasileira de Golfe, Álvaro Almeida, que ressaltou a importância da iniciativa. “A existência de bons árbitros é fundamental para o desenvolvimento do golfe brasileiro”, disse ele, elogiando a atuação do R&A na formação de oficiais de regras. Fernando Moura, do conselho do Banco Alfa, patrocinador do evento, também fez um discurso de boas-vindas a todos os 60 participantes, vindos de diversas partes do Brasil.
Em seguida, todos participaram de discussões de infrações televisionadas. Um telão exibia a atuação de árbitros nas mais diversas situações em jogos profissionais – sempre situações que levantavam dúvidas e, em algumas ocasiões, um toque de polêmica.
À tarde, foi a vez de colocar a mão na massa e transformar o campo de três buracos do Hotel Transamérica em uma animada sala de aula. Os participantes foram divididos em quatro grupos e, com orientação dos professores, passaram a analisar diversas simulações de situações ocorridas em campo. O dia foi encerrado com um coquetel oferecido pelo Banco Alfa, seguido de um jantar oferecido pelo R&A.
No sábado pela manhã os participantes foram submetidos à prova de admissão na seleta academia de árbitros credenciados pelo R&A. Atualmente, há 15 árbitros de golfe no Brasil credenciados pela entidade. “Já foi corrigida a primeira metade da prova e cerca de 25 das 45 pessoas que participaram o exame passaram”, conta John Byers, assessor de regras da CBG. “Mas esses foram apenas os primeiros nove buracos. Falta a segunda volta”, brincou John, com uma dose britânica de realismo.
Na primeira parte do exame, os participantes tiveram que responder às questões sem consultar os livros de regras. Além de saber citar corretamente o número da regra em questão, tinham que escolher entre verdadeiro e falso ou assinalar a questão correta em cada uma das perguntas. Na segunda metade da prova, os alunos tiveram que anotar as penalidades cometidas pelo golfista fictício John em seis buracos, citando a regra e as decisões aplicadas. Essa parte do exame será corrigida na Escócia.
No sábado à tarde e no domingo, foi a vez de exercícios práticos de arbitragem. Primeiro os professores mostraram como um árbitro deve se portar (e também como não deve agir), abrindo espaço para a discussão. No domingo, os alunos puderam demonstrar na prática o que aprenderam durante o curso. Em diversas situações simuladas, como por exemplo uma bola na banca diante de uma casca de banana, os árbitros do R&A faziam o papel dos jogadores e chamavam os participantes para agirem como árbitros, discutindo depois não apenas as decisões tomadas, mas também a forma de abordagem e a linguagem usada.
“Aprendi mais nesses três dias sobre regras de golfe do que na minha vida toda”, disse Rodrigo Ribeiro, presidente da Federação Centro-Oeste Nordeste de Golfe (Fecong), um dos participantes do curso. “O evento superou muito minhas expectativas”, completou.
O seminário sobre Regras de Golfe do R&A teve patrocínio do Banco Alfa e apoio do Hotel Transamérica.