Os remos e os tacos
POR GUILLERMO PIERNES*
Remar e jogar golfe, aparentemente tão distantes como esportes, tem tudo a ver.
Dou fé. Após décadas de empunhar os tacos de golfe fui convidado remar na pre-estréia do Dragon Boat chines em águas do Brasil. Os Dragons Boats, gigantescas canoas de 22 lugares, tem milênios de tradição na China.
Os ornamentados botes com cabeças e rabos de dragão, são utilizados em competições, em celebrações, em ocasiões para juntar as famílias, as empresas. No Brasil, os empresários y esportistas Fabio Paiva e Ricardo Faro, realizarão o seu lançamento oficial no Brasil em 25 de fevereiro na Ponta da Praia, em Santos com uma competição entre seis embarcações.
Para a pre-estréia os organizadores convidaram remadores profissionais e amadores. Faltou um e sobrou para este veterano golfista empunhar o remo junto aos atletas de músculos avolumados e técnicas aprimoradas. O ritmo dos 20 remadores e ditado por um grande tambor na proa cujas batidas chegam até a popa, onde o timão lida com as ondas, marolas e leva a grande canoa até o green, digo porto. Cada vez que o tambor bate, os remos devem entrar na agua simultaneamente, sem falhas.
O ritmo do golfe salvou o golfista entre os remadores. A batida de golfe bem realizada é a executada com ritmo ao longo de todo o movimento. Três tempos para levantar o taco e um tempo para descer. A ciência provou esse ritmo universal. A remada responde a essa relação de tempos. O problema que na canoa os tempos eram ditados pela maioria musculosa e treinada na canoagem. Tempos rápidos para fazer a canoa voar nas aguas da baia marítima. Ultra-rápidos para um golfista de cabelos prateados. O coração batia tão forte como o tambor ou no momento de executar um putt decisivo num torneio.
A perseverança do golfe apareceu para evitar que o golfista levantasse literalmente o remo, deixando a equipe para atrás. Apenas oito por cento das tacadas de golfe são plenamente satisfatórias e ainda assim milhões de praticantes amam o esporte porque desenvolveram perseverança empunhando os tacos. Apertar os dentes foi a solução. Até que o coração percebeu que não teria outra saída que se adaptar a nova situação e deixou que o remo seguisse funcionando. Que a palavra desistir não existe para os que perseveram no golfe.
O foco do golfe permitiu acompanhar o movimento bem realizado dos remadores. O foco completo é que define o aqui e agora. Para bater na bola com precisão apenas o foco possibilita acertar o pequeno esférico em forma perpendicular pela cabeça do taco que vai em média a 150 quilômetros por hora. O foco fez que a ponta do remo entrasse na água junto a batida do tambor, na mesma distancia de separação do remo do remador anterior e do posterior da nossa linha, centenas de vezes.
Ritmo, perseverança e foco do golfe possibilitaram que o golfista passasse quase desapercebido entre os fortes e jovens especialistas. O processo de recuperação muscular da façanha demorou dois dias porem o importante foi provar que os elementos desenvolvidos com a prática do golfe ajudam em outros esportes, na vida corporativa e na política. Para as empresas, o portal www.golfempresas.com.br apresenta material sobre os ensinamentos da filosofia do golfe para serem aproveitados pelos executivos e empresários.
O outro exemplo chegou de Washington. Barack Hussein Obama chegou a presidência dos Estados Unidos, deu uma injeção da motivação e esperança a um povo e um planeta ameaçado por crises econômicas, guerras e destruição ambiental. Até chegar a presidência, Obama jogou bastante golfe e chegou a handicap 16, melhor que a mídia dos jogadores do mundo. Além do seus princípios, preparação e talentos, certamente na caminhada para a Casa Branca, alguns ensinamentos do golfe ajudaram a vencer obstáculos.
*Guillermo Piernes é consultor, palestrante e escritor. Colaborador das revistas Golf Digest e Elite Magazine. www.golfnegocios.com
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