Confederação Brasileira de Golfe

Henrique Fruet – Bolas mágicas

05 de setembro de 2007

"Lagoa! Lagoa! Lagoa, lagoa lagoa!", cantam em coro os garotos sentados no muro. Eles se dirigem aos golfistas que se preparam para bater a bola em direção à bandeira do buraco 5 do Santos São Vicente Golf Club. A gritaria é para que os jogadores acertem o lago que separa o tee do green.

As bolinhas que seguirem a sugestão do grito de guerra serão garantia de um dinheirinho extra para a torcida, que depois de recolhê-las da água as revenderá para os sócios e visitantes do clube. Marcelo Araújo, o Maré, não participa do coro. Aos 37 anos, sabe que não é preciso torcer para que as bolas se desviem de seu caminho – sempre há quem dê uma tacada errada.

Desde os 8, Maré recolhe e vende bolinhas usadas no clube. "É um dinheirinho honesto", diz ele, que já teve em casa um estoque de 1,5 mil unidades. O produto é tabelado: as menos surradas custam cerca de R$ 2. Já as de marcas como Titleist ProV1 e as Nike chegam a R$ 4 (contra pelo menos R$ 20 de uma bolinha nova). "Elas são melhores", diz Maré, que vende cerca de 50 bolas por semana – nunca faltaram clientes.

Se depender das novas invenções da indústria americana de golfe, a profissão de Maré e de seus colegas está em vias de extinção. A empresa RadarGolf, por exemplo, lançou nos EUA uma bola que vem com um microchip em seu núcleo (foto). Ele possibilita que a bolinha seja encontrada por um radar eletrônico que custa US$ 200 e que diminuiria bastante a chance de perdê-la. A empresa afirma que a bola segue todas as especificações exigidas pelo esporte, mas não faz a menor questão de deixar claro que é contra as regras usar meios eletrônicos para localizá-la.

Já a NanoDynamics lançou nos EUA uma bola feita de material alterado em sua estrutura microscópica, com a utilização da chamada nanotecnologia. A empresa não revela o material exato que está usando ou como o transformou (pelo menos até ter uma oferta milionária de algum fabricante de bolas), mas chama a atenção de qualquer golfista: que tal uma bola que corrige seu próprio vôo? Isso é o que a NDMX promete. Segundo os fabricantes, a bola é a primeira feita com um núcleo de metal oco. Nas bolas normais, o núcleo é sólido e de material sintético. Essa nova tecnologia faz com que a bola atinja uma distância equivalente às demais e até maior sem que apresente tanta rotação (spin).

Isso significa que a NDMX estaria se valendo de novos materiais desenvolvidos pela nanotecnologia para compensar a perda aerodinâmica que a bola teria com uma rotação menor. Por conseqüência, a trajetória da bola sempre será mais reta, já que é justamente a rotação que causa os desvios de trajetória.

A bola está à venda nos EUA por US$ 60 a dúzia. Ao contrário da RadarGolf, a NDMX foi aprovada pela United States Golf Association (USGA) e pode ser usada em torneios. Antes da aprovação, a NanoDynamics contratou a assessoria de Frank Thomas, ex-diretor técnico da USGA e um dos inventores da vara de grafite. Eis o veredicto da fera: "Essa bola tem potencial para revolucionar o jogo de golfe", diz ele. Maré, de São Vicente, não é da mesma opinião. "Uma bola que não vai para os lados? É ruim, hein?"

O colunista é jornalista há 12 anos e golfista há 6. É um dos diretores da Albatroz Editorial e também diretor da Golf Life.

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