Beth Nickhorn e Ricardo Rossi são eleitos para o Hall da Fama do Golfe Brasileiro
A gaúcha Elisabeth Nickhorn e Ricardo Rodolfo Rossi (1929 – 2016) foram eleitos para integrar o Hall da Fama do Golfe Brasileiro, como os indicados de 2020. Eles se juntam assim a Mário Gonzalez (1922 – 2019) e seu irmão, José Maria Gonzalez Filho, o Pinduca (1937 – 2019), eleitos no lançamento do Hall da Fama, no final de 2019. Devido à pandemia, a cerimônia de indução de Beth e de Rossi só se dará no final do ano, juntamente com os eleitos em 2021.
O Hall da Fama do Golfe Brasileiro tem sua sede em uma sala do Campo Olímpico de Golfe, no Rio de Janeiro (RJ), que no momento está em reforma. Lá ficarão permanentemente os quadros com as fotos de todos os membros. A cada ano, um comitê de notáveis do golfe, composto por sete membros, vota entre os indicados quem serão os dois novos membros do Hall da Fama (veja abaixo).
Nickhorn – Beth é dona de um dos melhores currículos esportivos do golfe mundial. Ela foi 17 vezes campeã do Amador do Brasil, entre 1967 e 1998, sendo pentacampeã (cinco títulos consecutivos) duas vezes, de 1967 a 1971 e de 1979 a 1983. Ela é ainda a recordista mundial em participações no Troféu Espírito Santo, do Campeonato Mundial de Golfe por equipes, com 13 convocações seguidas como jogadora, de 1974 a 1998, e mais uma como capitã, em 2000. Ao todo, 28 anos consecutivos representando o Brasil na competição bienal.
O recordista de participações do Troféu Eisenhower, a competição masculina do Mundial Amador, também é de um brasileiro, Roberto Gomez, que participou 12 vezes como jogador, além de outras duas apenas como capitão. Desta forma, Beth e Gomez dividem a honra de ter representado o Brasil 14 vezes na mais importante competição do golfe amador mundial.
Mundial – Outro grande feito de Beth Nickhorn foi ter sido medalha de bronze no Mundial Amador de 1976, no Vilamoura Golf Club, em Algarve, Portugal, onde jogou pelo Brasil ao lado de Maria Alice Gonzalez, Laura dos Santos e da capitã e jogadora Yolanda Figueiredo. O Brasil perdeu apenas para o time dos EUA, campeão, e para o da França, vice.
Beth foi ainda nove vezes campeã sul-americana por equipes, 20 vezes seguida campeã do Sul-Brasileiro, um dos mais importantes abertos do Brasil, além de ter seis títulos do Aberto do Uruguai, três do Aberto do Chile e dois do Aberto do Equador. Ou seja, Beth competiu e venceu pelo Brasil, no mais alto nível, durante mais de três décadas. Ela é a primeira mulher eleita para o Hall da Fama do Golfe Brasileiro e a primeira a ser indicada em vida.
Rossi – Os feitos de Ricardo Rossi, argentino de nascimento que adotou o Brasil como seu país, são também excepcionais. Ele começou a jogar golfe no Ranelagh Golf Club, da Argentina, onde seu avô, Enrique Martins Rossi, trabalhava como profissional. O pai de Ricardo, Amando Rossi, foi quem treinou o filho desde cedo. Aos 14 anos, Ricardo Rossi já tinha handicap 2. Aos 15 anos, chegou a handicap zero. Tornou-se profissional aos 17 anos e, um ano depois, venceu o seu primeiro torneio, o Aberto do Uruguai.
A história de amor de Rossi com o Brasil começou em 1951, quando se apaixonou pelo país e decidiu se radicar como profissional do São Paulo Golf Club. Em 1952, ficou em segundo lugar no Aberto do Brasil, perdendo o título para o lendário Sam Snead, recordista de vitórias do PGA Tour, com 82 títulos entre 1936 e 1965, feito só igualado 54 anos depois, em outubro de 2019, por Tiger Woods.
Majors – Ricardo Rossi teve a honra de ser o primeiro brasileiro a passar o corte em um major, no Masters de 1953, quando terminou em 55º lugar. Ele também disputou cinco vezes o The Open, tendo como destaque o 17º lugar no torneio de 1956, no campo do Royal Liverpool. Esse é o segundo melhor resultado de um brasileiro em um major na história, só superado, no masculino, por Mario Gonzales, 11º colocado e melhor amador do The Open, em Muirfield, na Escócia, em 1948. No feminino, a brasileira Angela Park foi mais longe, com três Top 5s em majors, incluindo o vice-campeonato do US Open de 2007, em Pine Needles, na Carolina do Norte, empatada com Lorena Ochoa duas tacadas atrás da campeã Cristie Kerr.
Em 1960, Rossi voltou a ser amador, vencendo mais de 120 torneios ao redor do mundo. Com ele na equipe, que tinha ainda Priscillo Diniz, Jaime Gonzalez e Rafael Navarro, o Brasil viveu seu momento mais importante no Mundial de Golfe, na Taça Eisenhower, de 1974, no Campo de Golf Cajuiles, no La Romana, na República Dominicana, quando o país conquistou seu único pódio, com a medalha de bronze da competição masculina, tendo Jesse Rinehart Jr. como capitão. Os EUA venceram e o Japão foi vice, apenas três tacadas à frente do Brasil. Jaime Gonzalez, foi o campeão individual daquele ano, empatado com o americano Jerry Pate, que viria a ganhar o U.S. Open de 1976, dois anos depois.
Rossi foi ainda três vezes campeão do Amador do Brasil em 1973, 1977 e 1978 e quatro vezes campeão da Los Andes, o Sul-americano de Golfe por Equipes. Foram duas vezes como jogador, em 1972, no São Paulo GC, e em 1975, em Quito, no Equador, e duas como capitão, em 1982, no São Paulo GC, e em 1988, em Montevidéu, no Uruguai.
Designer – Rossi também foi um dos mais importantes arquitetos de campos de golfe do Brasil, tendo projetado e construído a segunda volta do campo de 18 buracos do Terras de São José Golf Club, em Itu (SP), clube que presidiu e administrou por vários anos. Em 2003, foi convidado por Anwar Damha para projetar e construir o Damha Golf Club, em São Carlos, hoje considerado, ao lado do Terras de São José, como um dos melhores do Brasil.
Rossi foi também capitão do São Paulo Golf Club, onde construiu o primeiro mini campo de golfe do país para ajudar a desenvolver o golfe infantil no Brasil. Foi ainda o primeiro a trazer a grama Bermuda para um campo de golfe do país. Rossi exerceu o cargo de Diretor Técnico da Confederação Brasileira de Golfe por vários anos. Ele foi ainda campeão brasileiro e sul-americano sênior, defendendo a Associação Brasileira de Golfe Sênior (ABGS) e venceu seu último torneio no Brasil, aos 69 anos, no Aberto do Terras de São José Golfe Clube, de 1998.
Comitê de Seleção – São sete os membros do Comitê de Seleção do Hall da Fama, a começar por Marcelo Stallone, idealizador do Hall da Fama do Golfe Brasileiro e autor da biografia “Mário Gonzalez, o golfista do Brasil”. A ele se juntam outros cinco membros vitalícios: os amadores Beth Nickhorn e Roberto Gomez, os profissionais Rafael Navarro, um dos maiores campeões do golfe brasileiro, e Jaime Gonzalez, filho de Mário, que teve uma carreira amadora e profissional tão brilhante como a do pai ao jogar sete vezes no The Open, onde passou quatro cortes; além de Armínio Fraga, membro do R&A. O sétimo membro, rotativo, é o presidente em exercício da Confederação Brasileira de Golfe (CBGolfe), Euclides Gusi, que cumpria seu último ano de mandato, quando da votação, em 2020.
Cabe a esses sete membros do Comitê de Seleção votar nos candidatos ao Hall da Fama a cada ano, sendo necessários 2/3 dos votos, ou o mínimo de cinco votos, para alguém ser aceito. Para integrar o Hall da Fama, no caso de golfistas de alto rendimento, é necessário ter 50 anos completos, ter vencido ao menos três Abertos das Federações ou da CBGolfe e ter representado o Brasil internacionalmente. Outros golfistas – e mesmo quem não pratique o esporte – podem ser indicados por terem contribuído significativamente para o golfe brasileiro, seja na sua administração, organização, arquitetura, manutenção, instrução ou divulgação (mídia), entre outros.