2º Programa de Treinamento de Profissionais de Golfe foi marcado por diversidade temática e atualização técnica e tecnológica
O 2º Programa de Treinamento de Profissionais de Golfe reuniu 45 participantes de várias partes do país nas dependências da Federação Paulista de Golfe. Realizado nos dias 27 e 28 de outubro, os profissionais tiveram a oportunidade de conviver, aprender e trocar ideias e conhecimentos técnicos com cinco palestrantes de currículos extensos e larga experiência: Shaun Case, master professional dos PGAs da Alemanha, Grã Bretanha e Irlanda, e coach nacional da CBG; Nico Barcellos, coach e gerente técnico da CBG; Santiago Garat, professor da Escuela de Golf de Association Argentina de Golf e também head coach da mesma instituição; Craig Thomas, coach e profissional da PGA; e Cassio Mota, empresário e ex-tenista brasileiro que jogou profissionalmente por 12 anos no circuito da ATP e representou inúmeras vezes o Brasil na Copa Davis.
Mesclando atividades práticas com palestras, a tônica desse evento voltado para a atividade de “coaching” foi a do elogio ao conhecimento, ao constante aprimoramento e à necessidade de usar toda a tecnologia disponível para atingir o alto rendimento, a exemplo dos softwares de análise de swing e das filmagens. “Porém, é preciso sempre lembrar que essas tecnologias são apenas ferramentas, as quais devem ser usadas com muito cuidado e conhecimento, para não se chegar a conclusões equivocadas e, consequentemente, a decisões e estratégias de treino igualmente equivocadas”, disse Shaun Case, cujo tema de uma de suas palestras foi justamente sobre o uso das tecnologias de vídeo, as quais, completou, “podem ser grandes aliadas e também grandes fontes de motivação”. Noutra palestra, Shaun explicou a importância das tacadas longas por meio de estatísticas e cálculos, mostrando que, ao contrário do que normalmente se pensa, os que batem mais longe e arriscam mais, tem melhor escore geral e média por buraco do que os conservadores.
Já Nico Barcellos concentrou-se no tema do jogo curto, abordando as variações de estilos e os aspectos técnicos fundamentais. “É impressionante como vemos em torneios de alto rendimento jogadores perdendo tacadas por não dominarem a contento o jogo curto; esse aspecto do jogo sempre merece ser repassado”, resumiu Nico.
Santiago Garat discorreu sobre a delicada e variada arte do putting, a qual tem mais variações técnicas e possibilidades inventivas que qualquer outra parte do jogo. “Se o jogador tem uma sólida regularidade por conta de um stroke confiável e repetitivo, não há motivos para mudar, só porque sua técnica não se encaixa nos padrões”, disse Santiago, repetindo para o stroke de putter a famosa assertiva de John Jacobs para o full swing.
Craig Thomas falou sobre as variações de golfe, como o “Foot Golf” e o “Urban Golf”, levando os profissionais para a rua para jogarem entre muros e sobre paralelepípedos, com uma bola maior e mais macia, e usando apenas um sand wedge e um putter especiais. “Porque pensar o golfe sempre dentro das tradições? Há inúmeras formas de praticar esse esporte, e o golfe urbano é apenas uma delas”, resumiu Craig.
Outra agradável surpresa foi o depoimento direto, especializado e sincero de Cassio Motta, que usou sua experiência no tênis de alto rendimento para transmitir aos profissionais um conhecimento destilado pela prática e pela superação de limites: “Você tem de estar informado, preparado e focado; mas isso não garante que sua carreira vai dar certo, mas é uma chance real. De qualquer modo, se você se levou a sério, você levará esse preparo mental para as outras atividades de sua vida, vivendo-a e enfrentando-a com coragem e discernimento, mesmo já estando longe das competições de alto rendimento”.
O formato do treinamento também foi dos mais felizes, pois ao intercalar temas diferentes, e expostos por palestrantes com trajetórias igualmente distintas, as dinâmicas de aprendizado e convivência entre os profissionais tornaram-se mais intensas. “Foi muito bom poder aprender novas técnicas e abordagens. Foram palestras claras, objetivas e que podem ter influência positiva em nosso jogo se as aplicarmos”, disse Robison Gomes, do Arujá Golf Club. “E além de aprendermos, temos essa oportunidade de rever outros profissionais numa situação diferente e mais integradora do que a de um torneio”, completou Luizinho Gonçalves, do São Paulo Golf Club.
A abertura oficial do evento foi realizada pelo vice-presidente da CBG, Klaus Behrens. “É muito importante iniciativas como essas, que não só aprimoram o nível técnico dos profissionais brasileiros, mas que também promovem intercâmbios de conhecimentos e de projetos”, resumiu Klaus. O evento fechou com uma troca de ideias entre os palestrantes, os profissionais e Marcio Galvão, diretor executivo da CBG, sobre o crescimento do golfe e as possibilidades de divulgação do esporte por meio de variações do jogo, a exemplo de como é praticado pelos alunos do projeto Golfe para a Vida e pelos adeptos do “Urban Golf”, que transforma qualquer espaço em um circuito. “O golfe é tão rico em possibilidades, e temos trabalhado tanto para seu desenvolvimento, que só temos a agradecer a presença de todos esses profissionais, tanto os palestrantes quanto os participantes, por essa tão necessária disposição em encontrar novos caminhos para o nosso esporte”, concluiu Galvão.
Esse Programa de Treinamento, que na America Latina era realizado somente na Argentina e agora teve sua segunda edição no Brasil, conta com o apoio do R&A e das federações brasileiras de golfe.